sábado, 4 de fevereiro de 2012

Um pouco mais sobre museus

O museu era o guardião dos tesouros da classe dominante, principalmente obras de arte e objetos exóticos resultantes de espólio de guerra ou viagens de descobrimento.
No século XVII somente viajantes distintos e cientistas podiam apreciar as coleções e os jardins botânicos dos príncipes europeus. A partir de 1700, a Galeria Imperial de Viena, o Palácio Quirinal de Roma e o Palácio Escorial da Espanha permitiram o ingresso do público mediante o pagamento de uma taxa [...]
As coleções refletiam a vaidade dos seus donos, mostrando riquezas, na forma de obras de arte amontoadas. Já os denominados “gabinetes de curiosidades” acumulavam coisas exóticas e raridades – algumas falsificadas, como as sereias e o unicórnio marinho.
Entre 1795 e 1799, o Louvre (espólios de guerra de Napoleão). Foi considerado desde o início um “museu do povo” no qual qualquer pessoa podia ingressar sem pagar. Seu objetivo fundamental era educar as pessoas no sentido de inculcar os valores burgueses após a revolução.

Na Inglaterra, a situação não era a mesma. Até o século XIX, o Estado não deu apoio aos museus, argumentando que “não era de incumbência do governo de Sua Majestade dar luxos ao povo”.
De certa forma, compreende-se que uma exposição sobre as últimas novidades da tecnologia tivesse mais sentido para a classe operária do que obras de arte que estavam longe da sua compreensão ou dos montes de objetos amontoados nas salas dos museus sem explicação.
A partir da década de 1930, com as mudanças antes mencionadas no conceito de história e com a revisão dos métodos de trabalho na antropologia, os museus mergulharam num período de crise.
Por sua vez, a história passou a dar importância a grupos sociais antes ignorados e as inovações começaram pelo redimensionamento das funções pedagógica e social da instituição museística, procurando romper com o tradicional e buscando intensificar as relações com o público.
Em 1946, foi constituído dentro das Unesco, o International Council of Museums (Icom), Conselho Internacional de Museus, sediado em Paris

Essa instituição, entre outras tarefas, analisa e determina quais foram os museus paradigmáticos no passado e quais são esses museus no presente.

Os museus de história tiveram quatro etapas, dos seus primórdios até a década em estudo. Primeiramente, nos séculos XVIII e XIX, o interesse era pela história da Grécia, de Roma e do Oriente Médio nos tempos bíblicos. Depois, veio a época do nacionalismo, caracterizada por uma atitude romântica para com as guerras. Depois da Segunda Guerra Mundial, veio a etapa em que “o homem comum começa a sair das trevas” e, finalmente, chega-se à etapa atual, em que existe a convicção de que tudo o que aconteceu – os grandes feitos, a pequena história, os detalhes do quotidiano da aristocracia ou dos seus serventes – é importante não somente para entender o passado, mas para planejar o futuro, sobretudo evitando os males do passado.

Existem, neste momento, diferentes tipologias de museus, algumas oficialmente reconhecidas, outras sendo propostas. Os museus podem ser classificados pela sua arquitetura, e há novos paradigmas quanto à sua relação com o público, a museografia e, o mais importante, quanto ao papel social que eles devem desempenhar.

Na atualidade, os visitantes integram-se nos cenários montados nos museus, interagem com elementos robotizados, experimentam sensações, realizam experiências científicas, brincam.

Defende-se também a musealização como uma forma de mostrar o passado histórico sem obrigar a um congelamento das populações. A musealização permite criação de microcosmos onde histórias fidedignas são contadas. Pode-se reproduzir um momento do passado, que seja importante para a identidade de um determinado grupo social, com tanta autenticidade quanto possível, em face do que as tecnologias atuais oferecem, e com qualidade estética.

Retirado de: Cultura e turismo: Discussões contemporâneas / Margarita Barretto. – Capinas, SP: Papirus, 2007. – (Coleção Tuirsmo),


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