sábado, 4 de fevereiro de 2012

A relação entre museus e ensino de história no Brasil

Não há dúvida de que, perante a força destes apelos, os atrativos culturais tornam-se migalhas insignificantes no contexto do aproveitamento turístico. O turista nacional e os jovens estudantes  vislumbram, numa possível visita a um museu de história, algo que poderia ser sintetizado como uma grande maçada entediante, devendo ser evitada sempre possível.

A HISTÓRIA SEM SÍMBOLOS
Ainda hoje estamos sofrendo os efeitos de uma ênfase por demais exagerada à historiografia baseada na grande síntese e na filosofia da história. O aluno de aproximadamente quatro décadas atrás era verdadeiramente esmagado pela quantidade de nomes e datas que necessitava decorar para se sair bem nos exames.
A passagem a um outro (tipo de ensino) não representou, de fato, um enriquecimento intelectual para o aluno. História virou sinônimo de ideologia e interpretação, ideologia esta do professor.

Com isso, foi-se perdendo o sentido simbólico das datas e, como decorrência, das localidades históricas. A historiografia, no afã de desmitificar os heróis, dedicou solene desprezo ao Grito do Ipiranga, à Fundação de São Paulo, ao suicídio de Getúlio Vargas.

Mas não foi apenas a história regional que sofreu, pois a própria identidade nacional não deixou de ser abalada. Se não bastasse a situação do país e seus crônicos problemas sociais, ainda por cima o brasileiro começou a considerar a sua pátria a única do mundo a não ter grandes nomes. [...] Proliferou, espantosamente, no ciclo básico, a ideia de que os degredados. Esta visão derrotista revela não apenas uma momentâne falta de crença no país – que desde o começo nascera errado – mas também uma profunda distorção dos acontecimentos históricos.


O resultado disso é bastante previsível: quebrou-se, nas novas gerações, o vínculo empático com a história. Sem compreensão do aparato simbólico criado pelo e a partir do passado – no qual se incluem os antigos personagens ou chamados protagonistas da história, as datas símbolos e, principalmente, a cultura material – visitar um museu de história tornou-se algo entediante, obrigação imposta por poucos e, geralmente, professores mal preparados.



PIRES, Mário Jorge.  Lazer e turismo cultural.  2ª edição – 2002.  Editora Manole – Barueri SP.

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